quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Quarto ato: sobre o manto do preconceito se escondem várias formas horríveis de prazer

Homossexuais morrem todos os dias. Há aqueles que morrem de violência e aqueles que morrem de... vontade! E afinal, o que seria de muitos gays sem o preconceito? Sem essa sombra de intolerância? Ah, primeiro que uma fonte quase inesgotável de sexo fácil vai pelos ares. Ou você acha que o carinha que você conhece no Manhunt e no Bate Papo da UOL vai lutar pelo preconceito e se tornar militante de uma ONG LGBT? Tenta simplesmente chamá-lo de gay, e cuidado com um possível soco.

Aliás, todos querem um homem gay hetero, não um homem gay afetado e que seja militante. Quando você reclama da solidão, é alguém parecido com um pornstar da Belami que você quer na sua cama, não alguém igual ao Jean que venceu o Big Brother.

Acho esquisito. Mas tiro um proveito razoável disso.

Temos uma série de homens que se escondem na sombra do preconceito. Homens bonitos, gostosos, que recheiam as academias, os prédios de funcionários públicos, as universidades particulares. Gente que não se considera gay, que tem nojo dessa palavra, que transa com mulher, mas que no fim adora ser passivo. Garotos criados para ser héteros a todo custo. Porque se ele tiver um sinal de gay o pai vai sufocar, vai colocar no futebol, vai bater ate sair sangue pra que fale grosso.

Esse é o gay que anda com os valentões do colégio, que maltrata os garotos gays do tipo que dá pra identificar num milhão de quilômetros. É o gay que se esforça pra comer mulher. Que não tem modelos positivos pra ser gay. E no final das contas sabe o que ele vai fazer? Aos 30 anos vai sair no meio da noite, pegar traveco, vai ser passivo e vai trazer doença pra casa, pra família, pras mulheres que ele engana. E ele vai dizer: nunca mais. Mas o pau lateja, manda no homem e ele vai lá de novo.

Eu às vezes dou uns pegas nesse tipo e faço isso sem culpa.

Conheci Tiagu semana passada. Fomos apresentados por um amigo, pois estamos na mesma universidade. 19 anos, negro, musculoso, pele lisa, barba grossa, voz grossa, coxas grossas e policial militar. Fodasse a preferência nacional pelo europeu. Eu tenho pele branca e olhos castanhos claros, eu gosto mesmo é de chocolate. Enfim, não pude me controlar, ele me excitou só com a presença.

E poucas horas depois, se aproveitando de uma carona oportuna, estávamos em um motel vagabundo, quente e com paredes finas porque dava pra escutar Bruno e Marrone tocando no quarto ao lado.

E sim, o pau dele é grosso também. Um corpo que eu deixava por cima do meu, me mordendo, me lambendo, esfregando o pau no meu e eu vendo aquela secreção inicial farta transparente escorrendo dele pra mim. Eram braços fortes que me agarravam, e sentindo o suor da pele dele na minha eu sentia que se ele me apertasse mais eu gozaria. E eu pensei: vou me fartar. E o que ele faz? Fica de quatro! Depois de eu engolir o cacete dele por horas ele fica de quatro. Quanta decepção. Mas eu fui lá. Engoli meu orgulho ferido e comi o negão. E de fato, não foi de todo o mal.

E quando nós gozamos e terminamos foi aquela coisa de sempre. O mal estar pela parte dele, o sem jeito. Eu fui tomar banho, reclamei das toalhas fedendo a cachorro molhado, tentei salvar um pouco a situação. Mas a conversa não rolava e ele só queria ir embora. Ótimo, eu também.

Dizem que os gays são promíscuos, e somos. Porque somos gays, mas acima de tudo somos uma coisa chamada HOMENS, que em geral são promíscuos. E se estamos falando de dois homens (ou mais), você sabe muito bem no que dá... e no que come. Mas claro que ainda há os gays tímidos, travados, esperando um príncipe encantado... E claro que, de alguma forma, todos têm seus gostos e suas próprias escolhas, e uma hora, essa vida cruel desse manto de preconceito e sombras que mantém Tiagus na “ilegalidade” afeta até o mais correto dos “modelos” gays que realmente deveriam ser seguidos.

domingo, 18 de outubro de 2009

Terceiro ato: eu tenho um pressentimento que essa não será uma boa noite

Eu ando pela balada e toca I gotta a feeling em versão remix do David Guetta que aquele DJ pensa que vai me enganar fingindo ser dele. Quantos gays. Quando viado rebolando, dançando até o chão com outros, cada um querendo aparecer mais do que o outro, se destacar, conquistar seu espaço na luz do canhão de laser. A bicharada toda lá. Eu estava me divertindo tanto com toda aquela situação, as mais variadas espécies.

Gay rico não se mistura com gay pobre, os pobres se sentem inferiores e fingem ser ricos. Viado sarado contra viado magrinho, ativo fala do passivo com tom de superioridade. Bicha branca contra bicha preta. As sapatões também estão em bandos na área. Sapata feminina contra sapata machinha. É um contra o outro. O mundo gay se odeia e se descrimina tanto quanto o hétero. Eu amo multidões, porque você aprende coisas como essas. E os héteros, que frequentam cada dia mais as baladas gays por serem "moderninhos" ou enrustidos, acham tudo isso um zôo das piores, divertidas e mais purpurinadas espécies. É completamente errada essa imagem de que “somos todos unidos contra o preconceito”. Bichas e sapatas não são em quase nada unidas. Sem falar que hoje em dia é quase moda ser bi.

Isso me dá sono. Junto com toda a bebida. Eu sentei no lounge e dormir. Um segurança bateu no meu ombro: Senhor, a casa está fechando. Ódio dos meus amigos por terem me abandonado, mas pensando bem, eu os abandonei primeiro. Pago minha comanda e saio. O dia está nascendo.

Pego minha carteira de Marlboro Filter Plus amassado no bolso de trás e consigo tirar um. Mas não tenho como acender. Vejo um rapaz bonito, loiro, olhos castanhos encostado no poste, fumando. Chego e me aproximo. Peço fogo, ele me estende o próprio cigarro. Acendo o meu e fixo sem parar seus olhos. Ele me olha rapidamente de ponta a cabeça e sorri com o canto da boca.

- Noite ruim?
- Péssima.
- Desacompanhado?

Ah, como eu gosto do rumo dessas conversas.

- Sim.

Ele sorri de novo e me olha de ponta a cabeça de novo.

- Quer companhia?

Dessa vez sou eu que sorrio, passo a mão no meu cabelo desarrumado e fico um pouco mais ereto.

- Claro.

Trinta minutos depois ele estava enfiando o pau dentro de mim e eu gritava de frango pra que ele não parasse.

- Ah, meu nome é Theo.

Foi assim que eu conheci um dos caras mais idiotas que passou pela minha vida até hoje.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Segundo ato: Aquele que mais anseia em saber quem eu sou, sou eu mesmo

Quando um dos rapazes com quem eu fiquei disse que não queria ter nascido gay e ainda tinha problemas para lidar com isso, eu imediatamente lhe falei que aquele não era nem de longe o meu problema. Pra mim ser gay é quase um passo a mais na evolução humana. Somos meio que os mutantes dos X-men, e os humanos simplesmente sentem medo e receio por ser o que somos.

Esse relacionamento acabou já faz um tempo, claro.

Aos 21 anos resolvo abrir esse blog, inspirado principalmente entre os tantos blogs gays que li nesse meio tempo, muitos deles presentes ai do lado. Foram meio que inspirações pra mim, vi que eles se sentiam desabafando e resolvi fazer o mesmo. Mas o meu mundo é um pouco diferente, eu sou um pouco diferente.

Esse espaço é pra falar do estilo de vida que assumi pra mim. O que eu considero minha dádiva particular e também minha auto destruição. Não sou um gay que vai falar de direitos humanos, que pretende ser ativista, que vai falar de moda, balada, de como aquele cara é gostoso. Esse blog vai falar de uma única coisa, de como eu fodo com gays idiotas, uma versão do Eu dou para idiotas. Bem, não é necessariamente isso, ou talvez seja. Enfim, começar um blog é visivelmente complicado, mas eu sei bem do que eu vou falar e essa é tecnicamente só minha carta de apresentação.

Sim, eu já tive namorados, já tive ficantes, já trai meus namorados, já fui traído, já transei a três, já transei com vários em uma pequena escala de tempo, já fiquei com um de dia e outro a noite, já fui usado, já usei, já fui usado e gostei disso. Você pode chamar isso de promiscuidade, mas para mim, uma coisa é ser promíscuo, outra coisa é renunciar prazer.

Eu sei meus limites ao mesmo tempo que estou frequentemente tentando superá-los.

Não sou um garoto de bate papo, de Manhunt, de Orkut, de MSN. Ate já fui. Minha primeira transa foi com um homem que conheci num bate papo. Hoje não. Eu vou para as baladas, não sei o que é passar uma sexta feira a noite em casa há dois anos. Eu cheiro cocaína, eu bebo, eu danço com os braços levantados pra cima seguindo o ritmo da musica. A noite é meu altar.

Não tenho muito das atribuições da vida da maioria das pessoas, como trabalhar e estudar. Meu pai no meu aniversário esse ano me disse algo que eu acho que nunca esquecerei: “Você faz parte de uma minoria dentro de uma minoria". Na mesma noite, o garoto com quem eu ficava, o mesmo do início desse post, depois de transarmos me perguntou: “Quem é você de verdade Jacinto?”, e eu respondi, plagiando uma frase de Cavaleiros do Zodíaco: “Aquele que mais anseia em saber quem eu sou, sou eu mesmo”.

Fim do segundo ato.

domingo, 4 de outubro de 2009

Primeiro ato: o grito

Eu preciso gritar.

Ou o meu próprio estilo de vida vai me consumir por completo até restar somente pó.

Por enquanto, esse lugar vazio deve bastar.

Mesmo porque, o vazio é tão difícil de definir!