Existe um paradoxo entre o mundo gay e as baladas que cresce com uma velocidade absurda e aos poucos toma conta de muitos: quanto mais você sai à noite para uma balada, mais você volta frustrado para casa e menos é a sua vontade de parar com isso.
A primeira vez que vamos em uma balada gay não só é inesquecível como é sempre marcante. É marcante porque estamos nervosos, é marcante porque tudo nos é desconhecido, é marcante porque somos carne nova, é marcante porque todos nos desejam com a vontade de nos sugar algo que não existe mais neles, um último rastro de algum tipo estranho de “inocência” que nós só vamos dar conta que realmente tínhamos depois que a perdemos.
Mas é ao longo do tempo que deixamos de ser um destaque e passamos a ser mais um na multidão, com raras exceções. E mesmo saindo com os amigos, com desconhecidos, beijando, transando, curtindo, dançando, bebendo até vomitar, sempre sentimos uma incompreensão, uma frustração, um vazio. De fato, aquele lugar não é capaz de nos satisfazer mais, não é capaz de nos tornar plenos.
E é a partir daí que enfiamos os pés pelas mãos, que fazemos besteiras, que nunca acordamos “felizes” no dia seguinte, e é exatamente por esse caminho que aos poucos nos tornamos o que não gostaríamos de ser. Nos tornamos pessoas que seguem a regra de um estúpido jogo que não tem ganhadores.
Durante a semana eu havia sido convidado por umas amigas que não via há algum tempo para sairmos à noite num bar bem badalado, famoso pelas pessoas ricas, bem vestidas e música alta e animada, além de uma azaração bem bacana e idiota que apenas os garotos da classe média alta e que confiam em suas posses como atrativos pras mulheres são capazes de fazer. Não é um ambiente gay, mas o público GLS é marcante.
Achávamos que seria uma boa noite até percebemos que estavam testando uma banda de música folk e embora ela estivesse funcionando para geral, estava me dilacerando por dentro. O jeito foi improvisar! Garrafas de Heineken, muito Marlboro Filter Plus, gargalhadas histéricas, conversas sobre sexo. E isso faz parte de um jogo que querendo ou não todos jogamos. Você não está se divertindo, mas tem que fingir estar, ou ninguém irá te notar. No mundo em que a publicidade tornou todos felizes através do photoshop, uma tristeza sincera não cativa ninguém.
Foi então que na saída da parte comunal do banheiro (o belo espaço onde homens e mulheres lavam as mãos, uma sacada bem interessante para baladas héteras) que eu encontrei ele, Terra, como eu costumo chamá-lo mentalmente, pois na verdade esse é apenas seu sobrenome. E é difícil descrever, é uma situação que envolve uma grande quantidade de pequenas coisas que se eu fosse descrever daria um texto enorme...
Então vamos aos fatos:
a) Terra é lindo, e eu não falo de lindo, lindo sou eu, Terra é magnífico, tem um porte fantástico, atrativo, impossível de resistir.
b) Fomos apresentados no começo do ano por um amigo em comum. Hilariamente, antes de sermos apresentados, Terra falava de mim pelos cotovelos. Tivemos um ótimo encontro, apenas com uma boa conversa, e eu viajei no dia seguinte, o que não fez que nos víssemos mais.
c) Onde nos víamos ele fazia toda as formalidades que alguém que quer te encantar faz, e com uma naturalidade assustadora e revoltante. Ele parece perfeito, mas...
d) Ele é dono de um lado obscuro que é doentio, que me dá medo e me fascina.
Exato, Terra é o raro exemplar de pessoa que aos nossos olhos parece ser perfeito, mas que na intimidade é um monstro amendrontador. As coisas que eu ouvia dele eram impressionantes, intimidadoras, bizarras, nojentas. De fato, ele parece ser pior do que eu, com a diferença que eu não escondo tanto meu jeito natural de ser. E assim como qualquer homem, sinto medo das trevas e sou fascinado por elas. E assim é com Terra.
Nos cumprimentamos. Ele sempre apontando aquele sorriso pra mim que mais parece uma arma de destruição em massa. Alargando ele cada vez mais enquanto me cumprimenta e eu usando de todas as minhas forças para resistir ao seu encanto absurdo, descomunal, exagerado.
E então temos uma “dança de cruzar e pegar”, um ritual de acasalamento mais elaborado que qualquer outro que você assiste no Animal Planet, onde no mundo cheio de tipos, temos dois que estão sempre na moda, malham, tomam suplementos, se encontram, flertam, finalmente estão transando e nunca mais tem notícias um do outro, sendo que na verdade, ambos estão com o telefone na mão, esperando receber “aquela” ligação, mas sem coragem de ligar.
E foi isso o que aconteceu com Terra em seguinte? Não! Eu resisti, eu fui forte. O que aconteceu foi passarmos metade da noite um do lado do outro, sem falar uma palavra, cada um no seu grupinho. Isso que aconteceu acima rolou com o Wander, na outra metade da noite, que nem vai entrar nessa história no momento, porque não importa se eu fudi feito uma prostituta sedenta com o Wander, essa história é sobre o lado negro de um raro rapaz que ainda meche comigo, como se eu fosse um viadinho de 12 anos me descobrindo.
Sinceramente, eu ainda espero contar minha história com Terra aqui. Não agora, apenas quando eu me sentir pronto pra enfrentar seu lado negro. E claro, aquele sorriso estilo bomba atômica.
A primeira vez que vamos em uma balada gay não só é inesquecível como é sempre marcante. É marcante porque estamos nervosos, é marcante porque tudo nos é desconhecido, é marcante porque somos carne nova, é marcante porque todos nos desejam com a vontade de nos sugar algo que não existe mais neles, um último rastro de algum tipo estranho de “inocência” que nós só vamos dar conta que realmente tínhamos depois que a perdemos.
Mas é ao longo do tempo que deixamos de ser um destaque e passamos a ser mais um na multidão, com raras exceções. E mesmo saindo com os amigos, com desconhecidos, beijando, transando, curtindo, dançando, bebendo até vomitar, sempre sentimos uma incompreensão, uma frustração, um vazio. De fato, aquele lugar não é capaz de nos satisfazer mais, não é capaz de nos tornar plenos.
E é a partir daí que enfiamos os pés pelas mãos, que fazemos besteiras, que nunca acordamos “felizes” no dia seguinte, e é exatamente por esse caminho que aos poucos nos tornamos o que não gostaríamos de ser. Nos tornamos pessoas que seguem a regra de um estúpido jogo que não tem ganhadores.
Durante a semana eu havia sido convidado por umas amigas que não via há algum tempo para sairmos à noite num bar bem badalado, famoso pelas pessoas ricas, bem vestidas e música alta e animada, além de uma azaração bem bacana e idiota que apenas os garotos da classe média alta e que confiam em suas posses como atrativos pras mulheres são capazes de fazer. Não é um ambiente gay, mas o público GLS é marcante.
Achávamos que seria uma boa noite até percebemos que estavam testando uma banda de música folk e embora ela estivesse funcionando para geral, estava me dilacerando por dentro. O jeito foi improvisar! Garrafas de Heineken, muito Marlboro Filter Plus, gargalhadas histéricas, conversas sobre sexo. E isso faz parte de um jogo que querendo ou não todos jogamos. Você não está se divertindo, mas tem que fingir estar, ou ninguém irá te notar. No mundo em que a publicidade tornou todos felizes através do photoshop, uma tristeza sincera não cativa ninguém.
Foi então que na saída da parte comunal do banheiro (o belo espaço onde homens e mulheres lavam as mãos, uma sacada bem interessante para baladas héteras) que eu encontrei ele, Terra, como eu costumo chamá-lo mentalmente, pois na verdade esse é apenas seu sobrenome. E é difícil descrever, é uma situação que envolve uma grande quantidade de pequenas coisas que se eu fosse descrever daria um texto enorme...
Então vamos aos fatos:
a) Terra é lindo, e eu não falo de lindo, lindo sou eu, Terra é magnífico, tem um porte fantástico, atrativo, impossível de resistir.
b) Fomos apresentados no começo do ano por um amigo em comum. Hilariamente, antes de sermos apresentados, Terra falava de mim pelos cotovelos. Tivemos um ótimo encontro, apenas com uma boa conversa, e eu viajei no dia seguinte, o que não fez que nos víssemos mais.
c) Onde nos víamos ele fazia toda as formalidades que alguém que quer te encantar faz, e com uma naturalidade assustadora e revoltante. Ele parece perfeito, mas...
d) Ele é dono de um lado obscuro que é doentio, que me dá medo e me fascina.
Exato, Terra é o raro exemplar de pessoa que aos nossos olhos parece ser perfeito, mas que na intimidade é um monstro amendrontador. As coisas que eu ouvia dele eram impressionantes, intimidadoras, bizarras, nojentas. De fato, ele parece ser pior do que eu, com a diferença que eu não escondo tanto meu jeito natural de ser. E assim como qualquer homem, sinto medo das trevas e sou fascinado por elas. E assim é com Terra.
Nos cumprimentamos. Ele sempre apontando aquele sorriso pra mim que mais parece uma arma de destruição em massa. Alargando ele cada vez mais enquanto me cumprimenta e eu usando de todas as minhas forças para resistir ao seu encanto absurdo, descomunal, exagerado.
E então temos uma “dança de cruzar e pegar”, um ritual de acasalamento mais elaborado que qualquer outro que você assiste no Animal Planet, onde no mundo cheio de tipos, temos dois que estão sempre na moda, malham, tomam suplementos, se encontram, flertam, finalmente estão transando e nunca mais tem notícias um do outro, sendo que na verdade, ambos estão com o telefone na mão, esperando receber “aquela” ligação, mas sem coragem de ligar.
E foi isso o que aconteceu com Terra em seguinte? Não! Eu resisti, eu fui forte. O que aconteceu foi passarmos metade da noite um do lado do outro, sem falar uma palavra, cada um no seu grupinho. Isso que aconteceu acima rolou com o Wander, na outra metade da noite, que nem vai entrar nessa história no momento, porque não importa se eu fudi feito uma prostituta sedenta com o Wander, essa história é sobre o lado negro de um raro rapaz que ainda meche comigo, como se eu fosse um viadinho de 12 anos me descobrindo.
Sinceramente, eu ainda espero contar minha história com Terra aqui. Não agora, apenas quando eu me sentir pronto pra enfrentar seu lado negro. E claro, aquele sorriso estilo bomba atômica.