segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Décimo Quinto Ato: Quer saber a verdade?

Esse não é um daqueles textos pra dizer que eu sinto saudades suas. Não, eu não sinto.
Esse não é um daqueles textos pra dizer que eu queria que ainda estivéssemos juntos. Estou muito melhor sem você.
Esse não é um daqueles textos pra fazer metáfora com alguma música da Adele e dizer que nós poderíamos ter tido tudo juntos, mas você pegou meu coracão e brincou com batida dele. Bem, você fez isso com meu coração mesmo, mas passou.

Na verdade, esse texto é simplesmente pra deixar claro que você levou de mim uma coisa que eu nunca gostaria de ter deixado com você.
E de que aquela auto ajuda de relacionamentos de que com frustrações vem aprendizados é uma merda mentirosa.

Esse texto na verdade é pra dizer que nesse momento, eu queria nunca ter conhecido você.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Décimo Quarto Ato: Melancolia

Existe um abismo de diferença entre aquele que mais amo e aquele que mais me ama.

E por causa disso tenho vivido um dilema que nunca vivi. E a minha vontade é de correr o mais longe possível. Como eu sempre faço, cruzando o país. Mas agora há problemas maiores e depois de um ano longe de casa, viajando por inúmeras cidades, dividindo albergues e casa de amigos, fui obrigado a voltar para casa, para o meu pai e para o meu irmão. Não porque eu quis, mas porque estive gravemente doente e precisei deles.

Incrível como é nesses momentos que a gente percebe o quanto a família é a coisa mais importante da vida.

Mas não gosto de falar da minha família. Deus, não gosto nem de estar perto deles depois da morte da minha mãe. Por isso fujo. E gasto todo o dinheiro que ela me deixou.

Meus problemas não são reais. De fato, a minha vida por diversas vezes não parece ser real. E hoje, encarando tudo isso, só consigo pensar em uma coisa. Aquele que mais amo e aquele que mais me ama.


Nunca são a mesma pessoa, né?


Fujo de Chávez a tanto tempo que nem lembro mais. Eu fujo. E ainda assim, toda vez que nos encontramos, e ele me envolve em seus grandes braços, eu esqueço do mundo. E o tempo parece parar. E o único som ao nosso redor parece ser sempre o do mar.


Ah, eu o amo. E por diversas vezes me questiono que brincadeira da vida é essa que trouxe ele pra mim e não me dará nunca a oportunidade de viver algo de verdade ao seu lado.


Porque no fim relacionamento é isso. É construir algo junto. E ele tem planos, ele tem uma ambição e um ego gigantesco. E eu não sou capaz de enfrentar isso, ao mesmo tempo que ele não é capaz de me domar em minha selvageria de viver fora dos limites, longe da realidade. Somos envolvidos tão fortemente pelos nossos problemas de personalidade, que isso nos tornou incapazes de caminharmos pela mesma reta.


Eu o amo. Não sei se ele me ama. Mas indiferente a isso, somos prisioneiros dos nossos estilos de vida. Só que eu esqueço disso sempre que estou nos braços dele... por pouco tempo. E então os sorrisos são substituídos pela dor e quando estamos longe um do outro, a felicidade é substituída pela mentira.


E não se pode viver assim.


Uso o sexo para me auto flagelar. Principalmente depois que estou com ele e parto em seguida. As situações as quais me envolvi por muitos podem ser chamadas de depreciativas, imorais. Deixo que usem meu corpo. Alguns usaram ate o limite. Existem marcas, algumas nunca me abandonarão. E o que vocês acham disso sinceramente é um pensamento do qual eu gostaria de mandar para o inferno.


Eu me lembro da última despedida. Do beslicão dado por ele, do tapa dado por mim. Aquilo doeu tanto na alma. Porque foi como se eu sentisse que não iria acontecer de novo nunca mais. E ao mesmo tempo eu queria isso. Porque o maior problema da dor não é porque dói. É porque sabemos que vai passar.


Toda a dor passa. E é exatamente isso que eu não queria, que ela passasse. Esse é o problema. A dor do fim de um relacionamento acaba. E eu justamente não queria que ela acabasse, porque eu não queria que ele acabasse em minha vida.


Amar é desaprender a amar. Você não aprende caralhos nenhum com um relacionamento antigo. No novo, você vai esquecer de tudo do anterior.


E esse é meu grande receio. Eu aprendi tudo que tinha que aprender com Chávez. E eu não quero esquecer. Isso automaticamente me torna incapaz de amar de novo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Décimo Terceiro Ato: No olho do furacão

Era de manhã cedo, fazia um sol forte em pleno abril. Dava para ouvir um pouco o mar. O mar e a respiração dele enquanto dormia lindamente, peito nu, o sol passando pelas cortinas e caindo tão docemente no seu rosto. Esse sol do sul, que bate na pele e da a impressão de que não é capaz de machucar.

Eu de pé, colocava minha calça jeans quando ele acorda e me olha.

- Bom dia – tão sonolento, mas depois se tocando dos meus atos. – Por que você já está se vestindo?

- Eu estou indo embora, Chávez.

- Por quê?

- Porque eu vou te amar pra sempre.

- Sério?

- Seríssimo. E esse é o detalhe que põe tudo a perder.

Ficar na praia abraçado debaixo do guarda sol. Andar de mãos dadas pelo shopping. Trocar beijos no cinema. Brigar comigo em pleno restaurante porque eu me alimento porcamente. Abrir a porta do carro para mim no estacionamento e me beijar antes que eu entrasse. Abrir uma garrafa de champanhe toda noite que estávamos juntos. Deitar sobre o meu peito para assistir Two and a Half Man. Me fazer comer pinhão, mesmo eu odiando pinhão. Dirigir pela serra pedindo que eu mordesse seu pescoço de vez em quando. Me encher de chocolate mesmo sabendo que eu evito pra não agredir os músculos.

Ser o amor da minha vida e por isso me fazer fugir dele há anos... mas sempre conseguindo um jeito de me fazer voltar!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Décimo Segundo Ato: Sobre como funciona a solidão

Há raros momentos em que o sentimento da solidão se apossa de mim e me entrego a dor de um abismo escuro com a mesma sensação de queda, me torturo e me desnorteio...

Porque na verdade, acabo desejando ainda mais a solidão.

A dor da solidão funciona em mim sempre lembrando que a dor do amor é ainda mais impossível de suportar.

Então eu caio, caio e caio...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Décimo Primeiro Ato: Sobre como se convida o coração para dançar


Existe uma regra quando o assunto é minhas transas com Seixas: ele vai arranjar um namorado assim que sair do meu apartamento.

Eu não ficaria nem um pouco chateado com isso se não fosse o fato de que:
a) Seixas quando namora não trai nem por questão sexual, e
b) É com Seixas que eu tenho um dos melhores sexos da minha vida

Seixas é um famoso e conceituado bailarino. Seu corpo é fisicamente incomparável. Nunca subestimem um bailarino, em sua gigantesca maioria possuem um porte físico surpreendente, delicioso, aliado a um plus que é a necessidade de estarem 100% depilados, e geralmente são sensacionais de cama. Com as habilidades de trabalho que possuem, só devem perder para os ginastas olímpicos quando o assunto é a elasticidade na hora do sexo.

Mas o que eu quero falar aqui não é isso na verdade.

Todos querem relacionamentos. Isso é uma regra essencial, com raríssimas exceções. E ate eu, que defendo imensamente a bandeira do sexo livre, sem limites e o extravasar da libido, de vez em quando tenho minhas recaídas.

O caso de Seixas é interessante. Ele engata um relacionamento atrás do outro. Fracassos monumentais devo frisar. Dos quais eu não tenho nenhuma pena, principalmente porque eu sei que a maneira que ele tem de se confortar é sentar no meu pau e provar que sua elasticidade é capaz de me enlouquecer a ponto de socar seu cu por mais de uma hora em diversas posições, sentir que não vou gozar nunca e achar que isso é a melhor coisa do universo.

Mas quantas pessoas vocês conhecem igual a Seixas? Quantas pessoas são desesperadas por relacionamentos a ponto de se entregarem plenamente ao primeiro que aparece?

Uma amiga minha defende a ideia de que para entrar em um relacionamento você tem que estar primeiramente disposto. Esse é o passo numero um. E embora pareça fácil, não é. De fato, namorar significar abrir mão de liberdades individuais em troca de experiências prazerosas que você não é capaz de ter sozinho.

E se você realiza esse procedimento dentro da sua vida com a pessoa errada, o fracasso sera retumbante. E a capacidade de se relacionar com outrem, numa nova tentativa se torna gasta, difícil, pois um fracasso atrás dos outros nos leva a acreditar que o amor não existe. Então há um primeiro momento de tristeza, depois entrá numa depressão que pode existir para sempre, ou... você descobre que dá sim pra ser feliz sem o amor (hum... isso meio que soou como desabafo, mas conversaremos melhor depois sobre).

Alertei Seixas sobre isso depois que transamos. Antes eu estava ocupado saboreando seu cu, um botão rosa lindo no meio de duas pernas extremamente fortes e rígidas por coxas grossas.

Ele ficou um tanto chateado comigo, mas Seixas tem uma vantagem pessoal sobre as outras pessoas. A dança. Os relacionamentos pra ele são mais um hobby, uma coisa legal, mas que ele pode viver sem, pois seu profissionalismo dedicado a dança e sua técnica pessoal, o que lhe rendeu uma bolsa de estudos na Europa recentemente (sim, meu pau está de luto) é surpreendente e invejável. Mas e quem não tem esse discernimento?

Fica naquela primeira opção que eu divulguei aqui. A depressão por não ser capaz de engatar um relacionamento que de certo.

Quanto a mim... bem, o amor e eu somos como o relacionamento entre um conhecido padre e seu amigo defensor do Darwinismo. Nos damos bem porque temos grande carinho e simpatia, mas temos divergências gigantescas, principalmente dele comigo, mesmo que no momento elas não interfiram tanto na minha vida.

A não ser quando lembro daquele que possui o mais belo de todos os sorrisos e que foi responsável por eu acreditar que talvez tenha encontrado a pessoa da minha vida e por esse exato motivo eu ter fugido dele para longe, bem longe. Mas essa é uma outra história, de um ato da minha vida que ainda não está exatamente fechado para ser contato...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Décimo ato: Navegando num mar de névoas

Antes de explicar o meu sumiço, eu devo explicar o que me levou a sumir.

Eu havia conhecido um cara. Ele ficou fazendo charme pra mim por muito tempo, queria ir pra cama comigo, fazia mil e uma propostas. Até que um dia eu aceitei. Sexo fácil, ele tinha cara de gostosinho bom de cama, eu tava com o corpo implorando por sexo, uma coisa leva a outra e eu não sou dos que tem muitos pudores.

Fui ao seu apartamento, tomei banho com a porta aberta para que ele pudesse ver meu corpo nu, a água escorrendo pelas minhas tatuagens. Me enrolei na toalha e sai, cheguei aos seus pés na cama e disse: “Preciso continuar com a toalha?”. Ele então a tirou da minha cintura, me jogou na cama e me comeu socando tanto seu pau em meu cu que a cada porrada eu sentia suas bolas batendo na porta do meu rabinho e meu grito ecoava pelas paredes junto ao gemido dele como um lobo no cio acompanhando o ritmo.

E foi após gozar que começou um momento de puro terror na minha vida.

Alguém bateu na porta. Ele mandou eu me esconder. Eu não entendi nada. Eu fiquei nu debaixo da cama. A porta foi aberta. Quem entrou me viu. E eu fui socado, chutado e ameaçado com uma faca enquanto minha testa sangrava.

Sim, era o marido dele. Não, eu não sabia que ele era casado.

E eu fugi, corri nu pelos corredores do prédio, com minha bermuda em mãos. Fui para o meu carro, dei a partida e parti sem olhar pra trás.

Quando eu cheguei no meu apartamento, fui direto para o meu quarto, enchi a banheira, desliguei a luz e fiquei lá, chorando por pelo menos duas horas, em choque. Quando eu consegui sair, me olhei no espelho, limpei meu corte na sobrancelha, coloquei um band aid, uma camiseta e fui para o meu quarto pegar um moleton. Foi quando eu dei de cara com meu moleton Herchcovitch que eu parei, vi que tudo na minha vida estava uma merda e que eu não poderia conviver com aquilo.

Arrumei minha bolsa e em 20 minutos estava saindo de casa deixando um único bilhete na porta da geladeira para meu pai e irmão, o primeiro que chegasse.

“Fui para São Paulo. Não sei quando eu volto.”

Sim, eu fugi.

O que se sucede é uma série de rápidos acontecimentos. Eu indo para o aeroporto, conseguindo uma passagem no primeiro vôo disponível, ligando para uma grande amiga paulista dos tempos de faculdade incompleta pedindo abrigo, meu pai me ligando desesperado e tentando me impedir a todo custo, meu irmão me ligando em seguida e brigando comigo imensamente além de me chamar de louco, embarque imediato, portas em automático e eu deixando minha cidade e indo para onde eu pudesse me sentir bem. Sampa!

No avião acabo adormecendo um pouco. Quando acordo, dou de cara com o mar logo abaixo e suas ondas pequenas perto do litoral de Santos. Ver o mar e não poder fazer parte dele. Vocês podem não compreender, mas é uma sensação horrível, a sensação de falta de liberdade. Chorei novamente.

E então por um lapso, eu levantei a minha cabeça. Por que infernos eu estava sofrendo tanto? Caralho, eu sempre tive o mundo e tudo o que eu quis aos meus pés. Por que infernos eu estava me deixando abater por aquela agressão, por que eu estava me deixando cair num ato de tamanha covardia? E foi então que eu me senti como eu sempre me senti de novo, como se nada fosse impossível pra mim.

O avião pousou em Congonhas. Na porta do aeronave eu perguntei a aeromoça onde havia um lixeiro, ela me indicou. Tirei meu band aid da testa e joguei fora. No saguão do aeroporto, enquanto procurava meus óculos de sol na mochila, dei de cara com Kayla, minha amiga.

“O que aconteceu com sua testa?”

Achei meu óculos finalmente e o coloquei no rosto, abrindo um sorriso maravilhoso de alivio.

“Nada, coisas de um idiota que eu preciso destruir.”

“Idiota? Destruir? Do que diabos você esta falando, Jacinto? Primeiro me liga mal daquele jeito e agora tá ai como se nada tivesse acontecido. Sabe como eu fiquei preocupada? Quem foi que fez isso na sua testa?”

“Ah, o nome dele é Renato, e eu já disse, relaxa, eu vou destruir ele”, acendi um Marlboro Light do lado de fora já, “Mas agora que eu estou em São Paulo, vamos nos divertir um pouco. E acima de tudo, eu preciso ver o mar antes de voltar”.

PS: eu ainda estou em Sampa. Devo me alongar por um tempo aqui ainda.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Nono ato: entenda, eu não quis te ver voar

“Se você prefere procurar drogas a noite toda, faça bom proveito, eu estou indo embora”

Eu virei as costas, bêbado, tinha enchido ate o rabo de tequila, as chaves do meu carro balançando na minha mão. Ele segura a minha mão, bêbado também, e me vira.

“Venha comigo para a Bolívia amanhã. Eu sei que você pode”

Eu deixo a resposta clara nos meus olhos, mas a boca se movimenta sozinha.

“Depois de hoje, eu sinto muito. Não conseguirei mais olhar pra você e me sentir eu mesmo. A...” eu vacilo, “Adeus”

E foi assim que eu o vi pela última vez.

Eu dirijo e mesmo extremamente embriagado faço um caminho perfeito ate o meu prédio. Porém, destruo metade da minha garagem. E depois que o susto passa, fico lá, dentro do carro amassado, sozinho, no escuro, chorando.

Eu não estava nem pensando em ir pra cama. Eu queria ter pego um taxi, voltado praquela balada, agarrado ele pelo braço e gritado pra que qualquer um ouvisse.

“Será que você não entende? Eu estou apaixonado por você. Não vai embora, por favor.”

Mas ele foi. Ele e seus lindos olhos verdes, sua barba por fazer, seu cabelo sempre bagunçado e despenteado, sua pele alva, seus doces lábios avermelhados.

E ele tinha aquele poder absurdo de me fazer eu não me sentir eu mesmo. Durante uma semana que estivemos juntos, eu o pegava a noite, íamos para cidades vizinhas passar a noite, pegamos ate mesmo um vôo para Floripa e voltamos no mesmo dia. Queimavamos dinheiro. Eu não queria ele na minha cidade, cercado das pessoas que me conheciam, vítima do olhar de intrigas e questionamentos que me lançavam.

Eu poderia amá-lo. Longe do resto. Ele passava a mão pelo meu corpo nu e sussurrava:

“Meu Deus, você é lindo”

Ele me deitava sobre seu peito e acariciava meus mamilos, enquanto eu bagunçava ainda mais os seus cabelos.

Ele acordava no meio da madrugada. Não percebia que eu estava acordado também. Virava de costas, pegava a minha mão, me puxava e colocava meu braço por cima do seu corpo. Ai ele acordava e dizia:

“Nossa, porque você está encima de mim?”

E eu ria

“Foi porque você me puxou”

Ele era encatador, sabia disso, e usava muito bem.

Estava a trabalho. E tinha o poder de seduzir qualquer um. Qualquer um! Todos o amavam instantaneamente ao momento que lhe trocavam palavras. Todos queriam ele por perto. E só Deus sabe a sorte que eu tive de lhe ser apresentado, pois ele estava envolvido por uma conversa chata, com uma pessoa chata, por muitas vezes eu levantei de sua mesa, mas voltava, pois ele já havia me conquistado, e sem nunca entender porque, eu havia conquistado ele.

“Esta vendo aquelas meninas no balcão? Elas deram encima de mim. E aquele garoto alto, forte, também”

Eu me intriguei

“E por que não ficastes com eles?”

“Porque eu apontei você para eles e disse, ‘esta vendo aquele garoto ali? Ele é meu namorado’”

E riu lindamente, cinicamente, e eu o beijei pela primeira vez.

Ficaria apenas uma semana. A trabalho. Viajava o país inteiro. Era a cidade numero 217 que ele estava. Mesmo sendo a primeira vez na minha, o que me surpreendera. E ele só dava atenção a mim.

E lembro quando chegamos em seu hotel. De madrugada. Vazio. Ele caiu na piscina e eu fiquei na beira, só olhando-o, ambos bêbados, mas completamente lúcidos. Ele riu, eu ri, e pedi um beijo. O som do corpo dele se movimentando na água vagarosamente era a única coisa que trilhava nosso momento, e com lábios gelados ele tocou mais uma vez os meus.

Mas ele é um pássaro livre. Um brilho que nunca seria igual dentro de uma gaiola. E claro, tinha o problema com as drogas. Mas e daí? Eu também uso. As drogas eram só uma desculpa. Para terminar tudo mais cedo. Para que acima de tudo, eu não visse aquele pássaro batendo suas asas douradas e cruzando o céu enquanto eu sempre estaria ali, dentro do mar.

“Um pássaro e um peixe podem se apaixonar, mas aonde eles iriam se amar?”

E por um raro momento, em toda a minha vida, eu quis ter asas.