quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Décimo Quarto Ato: Melancolia

Existe um abismo de diferença entre aquele que mais amo e aquele que mais me ama.

E por causa disso tenho vivido um dilema que nunca vivi. E a minha vontade é de correr o mais longe possível. Como eu sempre faço, cruzando o país. Mas agora há problemas maiores e depois de um ano longe de casa, viajando por inúmeras cidades, dividindo albergues e casa de amigos, fui obrigado a voltar para casa, para o meu pai e para o meu irmão. Não porque eu quis, mas porque estive gravemente doente e precisei deles.

Incrível como é nesses momentos que a gente percebe o quanto a família é a coisa mais importante da vida.

Mas não gosto de falar da minha família. Deus, não gosto nem de estar perto deles depois da morte da minha mãe. Por isso fujo. E gasto todo o dinheiro que ela me deixou.

Meus problemas não são reais. De fato, a minha vida por diversas vezes não parece ser real. E hoje, encarando tudo isso, só consigo pensar em uma coisa. Aquele que mais amo e aquele que mais me ama.


Nunca são a mesma pessoa, né?


Fujo de Chávez a tanto tempo que nem lembro mais. Eu fujo. E ainda assim, toda vez que nos encontramos, e ele me envolve em seus grandes braços, eu esqueço do mundo. E o tempo parece parar. E o único som ao nosso redor parece ser sempre o do mar.


Ah, eu o amo. E por diversas vezes me questiono que brincadeira da vida é essa que trouxe ele pra mim e não me dará nunca a oportunidade de viver algo de verdade ao seu lado.


Porque no fim relacionamento é isso. É construir algo junto. E ele tem planos, ele tem uma ambição e um ego gigantesco. E eu não sou capaz de enfrentar isso, ao mesmo tempo que ele não é capaz de me domar em minha selvageria de viver fora dos limites, longe da realidade. Somos envolvidos tão fortemente pelos nossos problemas de personalidade, que isso nos tornou incapazes de caminharmos pela mesma reta.


Eu o amo. Não sei se ele me ama. Mas indiferente a isso, somos prisioneiros dos nossos estilos de vida. Só que eu esqueço disso sempre que estou nos braços dele... por pouco tempo. E então os sorrisos são substituídos pela dor e quando estamos longe um do outro, a felicidade é substituída pela mentira.


E não se pode viver assim.


Uso o sexo para me auto flagelar. Principalmente depois que estou com ele e parto em seguida. As situações as quais me envolvi por muitos podem ser chamadas de depreciativas, imorais. Deixo que usem meu corpo. Alguns usaram ate o limite. Existem marcas, algumas nunca me abandonarão. E o que vocês acham disso sinceramente é um pensamento do qual eu gostaria de mandar para o inferno.


Eu me lembro da última despedida. Do beslicão dado por ele, do tapa dado por mim. Aquilo doeu tanto na alma. Porque foi como se eu sentisse que não iria acontecer de novo nunca mais. E ao mesmo tempo eu queria isso. Porque o maior problema da dor não é porque dói. É porque sabemos que vai passar.


Toda a dor passa. E é exatamente isso que eu não queria, que ela passasse. Esse é o problema. A dor do fim de um relacionamento acaba. E eu justamente não queria que ela acabasse, porque eu não queria que ele acabasse em minha vida.


Amar é desaprender a amar. Você não aprende caralhos nenhum com um relacionamento antigo. No novo, você vai esquecer de tudo do anterior.


E esse é meu grande receio. Eu aprendi tudo que tinha que aprender com Chávez. E eu não quero esquecer. Isso automaticamente me torna incapaz de amar de novo.

2 comentários:

FOXX disse...

ah q bom q vc voltou...
mas essa história me deixou meio perdido...

Erick Albuquerque disse...

nossa estava com falta destes textos...