domingo, 18 de outubro de 2009

Terceiro ato: eu tenho um pressentimento que essa não será uma boa noite

Eu ando pela balada e toca I gotta a feeling em versão remix do David Guetta que aquele DJ pensa que vai me enganar fingindo ser dele. Quantos gays. Quando viado rebolando, dançando até o chão com outros, cada um querendo aparecer mais do que o outro, se destacar, conquistar seu espaço na luz do canhão de laser. A bicharada toda lá. Eu estava me divertindo tanto com toda aquela situação, as mais variadas espécies.

Gay rico não se mistura com gay pobre, os pobres se sentem inferiores e fingem ser ricos. Viado sarado contra viado magrinho, ativo fala do passivo com tom de superioridade. Bicha branca contra bicha preta. As sapatões também estão em bandos na área. Sapata feminina contra sapata machinha. É um contra o outro. O mundo gay se odeia e se descrimina tanto quanto o hétero. Eu amo multidões, porque você aprende coisas como essas. E os héteros, que frequentam cada dia mais as baladas gays por serem "moderninhos" ou enrustidos, acham tudo isso um zôo das piores, divertidas e mais purpurinadas espécies. É completamente errada essa imagem de que “somos todos unidos contra o preconceito”. Bichas e sapatas não são em quase nada unidas. Sem falar que hoje em dia é quase moda ser bi.

Isso me dá sono. Junto com toda a bebida. Eu sentei no lounge e dormir. Um segurança bateu no meu ombro: Senhor, a casa está fechando. Ódio dos meus amigos por terem me abandonado, mas pensando bem, eu os abandonei primeiro. Pago minha comanda e saio. O dia está nascendo.

Pego minha carteira de Marlboro Filter Plus amassado no bolso de trás e consigo tirar um. Mas não tenho como acender. Vejo um rapaz bonito, loiro, olhos castanhos encostado no poste, fumando. Chego e me aproximo. Peço fogo, ele me estende o próprio cigarro. Acendo o meu e fixo sem parar seus olhos. Ele me olha rapidamente de ponta a cabeça e sorri com o canto da boca.

- Noite ruim?
- Péssima.
- Desacompanhado?

Ah, como eu gosto do rumo dessas conversas.

- Sim.

Ele sorri de novo e me olha de ponta a cabeça de novo.

- Quer companhia?

Dessa vez sou eu que sorrio, passo a mão no meu cabelo desarrumado e fico um pouco mais ereto.

- Claro.

Trinta minutos depois ele estava enfiando o pau dentro de mim e eu gritava de frango pra que ele não parasse.

- Ah, meu nome é Theo.

Foi assim que eu conheci um dos caras mais idiotas que passou pela minha vida até hoje.

8 comentários:

Alex&Elisa disse...

Mais uma vez: o tom do seu texto é incrível...

E sobre o que vc deixou no comentário: ainda bem...porque eu esperava por isso...hohoho

Beijos guri!

FOXX disse...

NOS-SA!

adorei!

A-DO-REI!

a reflexão inicial
o fim

U-A-U!

Paul disse...

Adorei a sinceridade dos posts!
Um bom início!

Arsênico disse...

uiA!... quiridjo... to chegando por aqui... acho que vc tb... e já começou aHazando bee...

Adorei o post... 100% verdade... adorei a promiscuidade... acho tuidÖ... a vida sem sacanagem é apenas um saco...

Seja bem vindo...

Já to adicionando... e to seguindo... lÓgico...

***

umBeijo!

Bruno Etílico disse...

aliás, eu tenho certeza que você sou eu!
É FATO!
rs

me adicione no msn: bilymanson@hotmail.com

vamos conversar, clone
(ou eu que sou seu clone?)

bju

obs: dps apaga esse coment, ok? :D

Unknown disse...

Uau! Tão ácido e verdadeiro que fiquei sem ar! Sou seu fã agora! hehe

Fabiano (LicoSp) disse...

Simplesmente perfeito... pelo menos a noite rendeu.

A última vez q tentei fazer isso, fiquei rodando pela cidade atras de um motel vazio e tudo lotado... ódeooo

abs

Meu Querido Armario disse...

Apesar de só ter homens comentando, provavelmente algum deve ser um dos idiotas que você comeu, quero te dizer que adorei o seu blog. Você se parece muito com amigo meu!!

bjus e curta muito!!